Raízes do fascismo

Na fogueira retórica em que o debate público brasileiro se transformou nos últimos anos, a palavra "fascista" acabou sendo reduzida a um xingamento genérico, uma espécie de equivalente de "canalha", cuja única especificidade é a de sinalizar em que lado do espectro político o falante se vê. Historicamente, no entanto, "fascista" significa alguém que adere ao "fascismo" -- a doutrina de que os direitos individuais, e os das minorias, são irrelevantes diante da vontade da maioria, do grupo maior, do Todo, vontade essa que é tida como equivalente à do Líder que comanda o Todo. Após o fim da 2ª Guerra Mundial, vários estudos psicológicos foram realizados para buscar as raízes do fascismo na psiquê humana. Semana passada, escrevi uma matéria a respeito. Ela começa assim:

O que leva uma pessoa a pôr uma bandeira nazista nos ombros e sair por aí gritando “sangue e solo” e “judeus não nos substituirão”? Se você se sentiu tentado a responder “burrice”, saiba que a ciência lhe dá – alguma – razão: um par de estudos publicados em 2012, no periódico Psychological Science, liderados pelo pesquisador canadense Gordon Hodson, apontou uma correlação forte entre baixa inteligência na infância e racismo e homofobia na idade adulta.

Em 2014, Hodson e o dinamarquês Kristof Dhont publicaram, no mesmo periódico, uma revisão da literatura disponível sobre o assunto, começando pelo trabalho pioneiro de Theodor Adorno, nos anos 1950, sobre as características da personalidade fascista. O levantamento conclui que “existe um sólido rastro de estudos empíricos demonstrando que baixas habilidades cognitivas (isto é, capacidade de pensamento abstrato e inteligência verbal, não-verbal e geral) preveem mais preconceito”. O restante está publicado no site da Gazeta do Povo.

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