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Mostrando postagens de agosto 7, 2016

Complexo de Frankenstein, transumanismo e religião

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"Complexo de Frankenstein" é uma expressão cunhada por Isaac Asimov para se referir ao medo instintivo que muitas pessoas têm de inovações tecnológicas, principalmente de inovações que parecem violar "prerrogativas divinas". Victor Frankenstein, claro, é o caso arquetípico, o homem que ousou criar vida. Mas o "complexo" já pode ser divisado muito antes, no mito de Prometeu e na narrativa da Torre de Babel. Com o passar dos séculos e a ascensão das mídias de massa, acabou se tornando um dos clichês mais batidos da ficção científica: o castigo inevitável visitado naqueles que humanos que, tomados de arrogância intelectual, ignoram seu devido lugar na ordem da criação, reciclado à náusea em inúmeros filmes B e seriados de televisão.  E o complexo vai muito bem, obrigado. Levantamentos recentes do Instituto de Pesquisa Pew não só mostram que a maior parte do público americano  está mais "preocupada" do que "entusiasmada" com as pers

Lendo o cérebro

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Grupo de pesquisa da Unicamp desenvolve tecnologia que permite associar a captura de dados do eletroencefalograma (EEG) ao monitoramento, em tempo real, do fluxo sanguíneo no córtex cerebral. As tecnologias mais usadas até hoje para estudar a atividade cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI) ou a tomografia por emissão de pósitrons (PET), na verdade não medem diretamente a ação do cérebro: em vez disso, registram o consumo de oxigênio ou o fluxo de sangue para cada área do órgão, partindo do princípio de que, quando usamos mais intensamente uma parte do cérebro – por exemplo, a região ligada à linguagem – a demanda local por energia aumenta, e é atendida por uma dilatação dos vasos próximos e aumento do fluxo sanguíneo. Esse efeito é conhecido como acoplamento neurovascular. “O acoplamento pode parecer óbvio hoje em dia, mas só foi inicialmente descrito no final do século 19”, explica o pesquisador Rickson Mesquita, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Un

Teoria do orgasmo feminino

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A existência do orgasmo feminino na espécie humana tende a ser vista como um mistério, do ponto de vista biológico: enquanto o masculino está diretamente ligado à emissão dos espermatozoides, que têm papel fundamental na reprodução da espécie, o feminino parece desconectado de qualquer tipo de função reprodutiva, já que a liberação dos óvulos pelas mulheres segue um ciclo mensal, e não está ligada ao momento do intercurso. Além disso, o orgasmo feminino sequer é uma experiência universal: em pesquisas, poucas mulheres dizem experimentá-lo toda vez que fazem sexo. Entre as hipóteses propostas até hoje há a de que a experiência ajuda as mulheres a selecionar parceiros geneticamente saudáveis, mas mesmo essa explicação falhou em convencer muitos cientistas. Agora, artigo publicado no periódico Journal of Experimental Zoology propõe investigar a função do orgasmo feminino humano a partir da reprodução de outras espécies de mamíferos. O trabalho, encabeçado pela pesquisadora Mihaela Pav