Lendo o cérebro

Grupo de pesquisa da Unicamp desenvolve tecnologia que permite associar a captura de dados do eletroencefalograma (EEG) ao monitoramento, em tempo real, do fluxo sanguíneo no córtex cerebral. As tecnologias mais usadas até hoje para estudar a atividade cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI) ou a tomografia por emissão de pósitrons (PET), na verdade não medem diretamente a ação do cérebro: em vez disso, registram o consumo de oxigênio ou o fluxo de sangue para cada área do órgão, partindo do princípio de que, quando usamos mais intensamente uma parte do cérebro – por exemplo, a região ligada à linguagem – a demanda local por energia aumenta, e é atendida por uma dilatação dos vasos próximos e aumento do fluxo sanguíneo. Esse efeito é conhecido como acoplamento neurovascular.

“O acoplamento pode parecer óbvio hoje em dia, mas só foi inicialmente descrito no final do século 19”, explica o pesquisador Rickson Mesquita, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp. “É algo que tem uma importância muito grande, porque hoje as principais técnicas usadas para estudar o cérebro são baseadas na resposta vascular à atividade. Que essa resposta existe, hoje é óbvio. Como ela é, é uma questão extremamente complexa”.

O grupo de Mesquita conseguiu juntar o EEG à Espectrometria Óptica de Difusão (DOS), técnica que usa fibras ópticas para injetar luz sob o escalpo e, a partir da aplicação de modelos matemáticos ao comportamento da luz que é refletida de volta, deduz o fluxo sanguíneo. “Como consequência direta desse trabalho, já começamos a mostrar que o acoplamento neurovascular é altamente não linear”, disse o pesquisador. “A gente vê que, quando há respostas integradas, o cérebro parece ser mais eficiente do que seria previsto só a partir da soma das respostas individuais. Começamos a perceber que a resposta é altamente não linear, mas é algo que estamos caracterizando agora". Leia a entrevista completa no Jornal da Unicamp.

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