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Mostrando postagens de março 30, 2014

Anotando "O Rei de Amarelo"

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A Editora Intrínseca apresenta, agora em abril, sua edição de O Rei de Amarelo . Lançada em 1895, essa obra é muitas vezes considerada a mais importante da literatura fantástica norte-americana a sair no período entre a morte de Edgar Allan Poe e o início da carreira de H.P. Lovecraft. O texto original em inglês já se encontra em domínio público , e o livro está saindo agora no Brasil por conta das referências a ele contidas na série de TV True Detetctive , da HBO. De fato, além da Intrínseca, já ouvi falar em pelo menos duas outras editoras que trabalham para pôr suas traduções de O Rei no mercado de língua portuguesa. Então, alguém poderia perguntar, por que escolhi esta edição específica para destacar? Por um motivo simples: O Rei de Amarelo da Intrínseca conta com introdução, comentários e notas deste que vos escreve. De uma  madrugada correndo atrás da etimologia de "Carcosa" a consultas enciclopédicas sobre o Yellow Book londrino dos anos 1890, passando por uma

Senso comum, informação e estupro

Uma característica curiosa que certos comentaristas conservadores têm é a de reagir de modo reflexo, quase instintivo, em defesa do senso comum -- qualquer senso comum. É o tipo de gente que, no século XVII, estaria inventando desculpas para não olhar para o céu pelo telescópio de Galileu. O efeito, muitas vezes, assume a forma daquilo que os americanos chamam de knee-jerk reaction : reação emocional, impensada, comparável ao chute involuntário que toda pessoa saudável dá, inevitavelmente, quando o médico bate com o martelinho no tendão do joelho. O knee-jerk conservador mais recente veio em resposta à pesquisa do IPEA sobre as atitudes do brasileiro diante da violência contra a mulher . Um dado do senso comum captado pelo levantamento -- o de que estupros poderiam ser evitados se a mulher "soubesse se comportar" (58% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente) -- passou a ser lamentado por feministas, estudiosos e, quase ao mesmo tempo, defendido pelos punditos

Minhas entrevistas sobre o golpe de 64

Como citei em uma postagem da semana passada, fiquei boa parte do mês de março entrevistando professores aqui da Unicamp para a edição especial do jornal da universidade sobre o golpe de 64. Bem, agora o jornal está online , as as minhas colaborações são estas: Passando a limpo -- a Comissão da Verdade da Unicamp A vocação para a amnésia -- por que a sociedade brasileira não enfrenta seus fantasmas Na cartilha do mercado -- a reforma educacional dos anos militares Os paradoxos da massificação -- como a ditadura fez a indústria cultural brasileira A repressão sem fronteiras -- articulação das ditaduras do Cone Sul Tombamento pelos tombados --  prédio do DOI-Codi de São Paulo, tombado pela memória As tintas da diáspora -- artes plásticas na resistência à ditadura